quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

ESTUDOS

AS PORTAS DE JERUSALÉM

By Edivaldo Pereira

Deus nunca nos deixa só e coloca em nosso caminho pessoas certas para auxiliar-nos na frente da “batalha”, no labor, no ministério, nos projetos, planos, etc, pois assim como fez com Neemias Ele faz conosco. Até mesmo em nossos negócios particulares, no casamento, na faculdade, em nosso cotidiano, Deus nos agracia com pessoas que estarão ao nosso lado e nos ajudarão. No trabalho da reconstrução dos muros e portas de Jerusalém muita gente “pôs as mãos na obra”. Neemias recebeu ajuda dos sacerdotes (3.1), dos ourives e perfumistas (3.8), dos líderes e mulheres (3.12), levitas (3.17) e mercadores (3.32). Apesar do nome de Neemias não aparecer no capítulo 3, pelo contexto (2.18-20; 4.13-23) depreendemos que ele liderou todo o pessoal na execução do projeto.

O grupo dos sacerdotes foi o primeiro mencionado por Neemias. Eliasibe, o sumo sacerdote, recebeu a incumbência de Neemias para liderar seu respectivo grupo e reparar a Porta das Ovelhas. Ressalto a importância desse grupo visto que o sumo sacerdote, depois do governador, era a segunda pessoa mais importante em Judá e seu engajamento certamente motivou outros (os próprios sacerdotes) a trabalharem também. Isso nos remete ao entendimento de que o líder deve ser o primeiro a empreender esforços no sentido de ver a situação caótica restabelecida e não apenas delegar tarefas. O sumo sacerdote e os sacerdotes deviam servir de exemplo aos demais.

A NATUREZA DA PORTA NOS TEMPOS BÍBLICOS

Antes de mencionarmos as portas de Jerusalém é importante anotar a relevância das portas naquele tempo. Segundo a Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia (p. 328) a “arqueologia e as referências literárias tem ilustrado amplamente a natureza das portas antigas, as quais variavam segundo o tipo de estrutura a que serviam, os materiais envolvidos e as posses do construtor. Assim, a porta de uma tenda consistia apenas em um pedaço de pano, ou em uma pele de animal, que cobria a entrada a mesma. A maioria das portas eram feitas de madeira. Nas residências dos ricos, a porta de madeira podia ser coberta de metal, o que também ocorria no caso das portas das cidades e dos quartéis. Havia portas feitas de pedras, ou inteiramente de metal. Não havia dobradiças como as que conhecemos atualmente; no lugar de dobradiças haviam pivôs que eram ajustados em soquetes, na parte de baixo e na parte de cima da porta. Também haviam portais com portas dobradiças (Isa. 45.2; Sal. 107.16). Como medida de segurança, havia trancas de metal ou madeira (II Sam. 13.17). Também haviam fechaduras e chaves(Jui. 3.23). Os portais tinham três partes: o limiar; as ombreiras aos lados e a verga ou peça horizontal, do alto da porta”.

As portas das cidades eram locais extremamente importantes para a sociedade da época: “Eram os lugares de maior afluência do povo para negócios, processos judiciais, conversação, passatempo na ociosidade (Gn 19.1; Dt 17.5; 25.7; II Sm 15.2; II Rs 7.1; Ne 8.1; Jó 29.7; Pv 31.23)” BUCKLAND. Dicionário Bíblico Universal.

No livro de Neemias nos deparamos com doze portas. São elas: Porta do Vale (3.1, 2); Porta da Fonte (3.15); Porta das Ovelhas, ou do Gado (3.1); Porta do Peixe (3.3); Porta Velha (3.6); Porta do Monturo (3.14); Porta das Águas (3.26); Porta dos Cavalos (3.28); Porta da Guarda ou Mifcade (3.10); Porta de Efraim (8.16); Porta Oriental (3.29) e a Porta da Esquina (II Rs 14.13; II Cr 25.23).

Segundo o pastor Elyseu Queiroz de Souza (Israel) por dentro, p. 134) “cada nome tinha um significado especial. É bom notar que o número era também simbólico e correspondia ao número das portas da Santa Cidade, a Nova Jerusalém (Ap 21.12-14)”. Ele escreveu ainda fatos interessantíssimos sobre as atuais portas de Jerusalém, em sua viagem a Israel em julho de 1985, que merece ser redigido:

“A cidade velha de Jerusalém tem 3 quilômetros de extensão e é cercada por uma muralha de 13 metros de altura, quase igual a um prédio de 4 andares. É dentro desta cidade fortificada que se acham os principais santuários de Jerusalém. Tem 8 portões de entrada cujos nomes são: 1) A Porta Nova.2) A Porta de Damasco. 3) A Porta de Herodes (estas três ficam na parte norte das muralhas). 4) A Porta de São Estêvão. 5) A Porta Dourada (esta porta foi fechada pelos turcos em 1590 e permanece fechada até o dia de hoje. Foi por esta porta que Jesus entrou na cidade, grandemente aclamado como rei, pela multidão, quando muita gente estendia os seus vestidos à sua passagem, e outros cortavam ramos de árvores e os espalhavam pelo caminho, e a multidão que ia adiante e a que o seguia clamava, dizendo: ‘Hosana ao Filho de Davi; bendito o que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas’ (Mt 21.8-11). Foi mesmo uma grande apoteose. Muitos dizem que por esta Porta Dourada, que está fechada, Jesus entrará na sua segunda vinda em glória. Eles fecharam a porta para bloquear a entrada de Jesus. Estultícia deles, que não merece nem comentário. E com isso Deus cumpre as profecias de Ezequiel 44.1,2. 6) A Porta do Lixo. 7) A Porta de Sion, na muralha sul. 8) Finalmente, a Porta de Jafa, na muralha ocidental”.

O pastor Elyseu Queiroz prossegue dizendo que é bom que o leitor atente para o fato de que estas portas atuais não correspondem àquelas que foram reedificadas por Neemias quando da volta do cativeiro; nem nos nomes nem em número e nem em significado.

METÁFORA DAS PORTAS

Na lição desse domingo (16/10/2011) as portas serão usadas como metáforas para ilustrar profundas verdades espirituais. Segundo os estudiosos no assunto muitas vezes estabelecemos comparações de uma forma sintética, isto é, sem usar conjunções que estabeleçam a comparação. Por exemplo, a frase ‘o violeiro estava bravo como uma onça’ poderia ser escrita assim: ‘O violeiro estava uma onça’. Desse modo, a comparação é transformada em metáfora. A palavra metáfora vem do grego mataphorá que significa transferência (isto é, transferência de sentido de uma área para outra).



PORTA DAS OVELHAS (vs 1,32) – Esta é a primeira porta mencionada. Foi chamado de Porta das Ovelhas, porque por ela entravam as ovelhas e cordeiros utilizados no sacrifício. Essa porta fala da primeira experiência que temos em nossa vida cristã - ou seja, uma percepção de que Jesus é o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo. A Porta das Ovelhas, em seguida, fala-nos da cruz e do sacrifício que Jesus fez pelos nossos pecados. É o ponto de partida de tudo, porém numa leitura atenta do capítulo 3 notamos que a esta porta também é mencionada no final do capítulo, perfazendo assim um círculo completo. Isso é porque tudo começa e termina com a morte de Jesus na cruz.

PORTA DOS PEIXES (vs 3) – Por esta porta os pescadores traziam os peixes capturados para serem vendidos. Ela nos remete a pensar no evangelismo, pois o Senhor nos comissionou para sermos “pescadores de homens”. É uma progressão natural em nossa vida cristã, que, depois da morte de Cristo pelos nossos pecados, e depois de usufruirmos os benefícios espirituais dela, que contemos as demais pessoas a alegria de termos recebido o Senhor Jesus em nossas vidas. Cabe a nós testemunharmos da simplicidade do evangelho e “pescarmos almas” para Cristo.

PORTA VELHA (vs 6) – Essa porta nos fala das velhas formas da verdade cristã. Em nossa caminhada espiritual a primeira experiência é receber a Cristo; a segunda é falar aos outros de Jesus; a terceira é a necessidade de fundamentarmos nossa fé nas doutrinas essenciais da fé cristã – que são verdades. Isso significa aprender e manter os velhos caminhos da verdade que nunca mudam. O profeta Jeremias (6.16) disse: “Assim diz o SENHOR: Ponde-vos nos caminhos, e vede, e perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; e achareis descanso para as vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos nele”. Existem coisas que até necessitam de mudanças, progressos, alternâncias, outras, não devem sofrer alteração alguma.

PORTA DO VALE (vs 13) – Olhando na figura ao lado perceberemos que há uma longa distância que separa a Porta Velha da próxima porta que é a Porta do Vale. Quando aceitamos a Cristo como Salvador e começamos a andar na fé cristã parece que estamos numa espécie de “lua de mel”. Esse é um dos melhores períodos na vida do novo convertido, pois a presença de Jesus é muito forte em todos os segmentos da sua vida. Por um bom tempo nos beneficiaremos do gozo desse começo na jornada espiritual. Porém, mais cedo ou mais tarde nos depararemos com a Porta do Vale. Ela nos fala de dificuldades, oposições, e nos leva ao processo de nos humilharmos diante de Deus. Na nossa caminhada espiritual nem tudo será uma “mar de rosas” e certamente teremos experiências desagradáveis. Cabe estarmos preparados e prontos para enfrentarmos essas situações.

PORTA DO MONTURO (vs 14) – Por essa porta saía todos os resíduos e lixos para fora de Jerusalém até ao Vale de Hinom para ser queimado. Isto é o que acontece em nossa própria vida. Literalmente falando quase todos nós temos um quartinho ou um cômodo externo em nossas casas onde guardamos alguns dos “lixos” que acumulamos ao longo de certo tempo – revistas e jornais velhos, objetos que não usamos mais, etc. Da mesma maneira muitos têm entulhado seus corações com os lixos pecaminosos: pornografia, imoralidades, conceitos relativistas, ódio fraternal, etc. É necessário limparmos o nosso coração e lançar fora o lixo acumulado. A Bíblia diz que “sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Pv 4.23). Jesus disse que “o que sai do homem isso contamina o homem. Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem” (Mc 7.20-23).

PORTA DA FONTE (vs 15) – A partir da imagem acima, notaremos que a porta da fonte fica muito próximo a Porta do Monturo. Em outras palavras, depois de uma experiência onde é retirado o “lixo das nossas vidas” usufruímos da verdadeira fé e daí por diante “fontes” límpidas começam a fluir dentro de nós. Isso nos fala das águas vivas do Espírito Santo que limpam nossas vidas e nos fortalece mais ainda nossa vida cristã”. Certa vez Jesus disse: “Se alguém tem sede, venha a mim, e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre. E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado” (Jo 7.37-39).

PORTA DAS ÁGUAS (vs 26) – Essa porta é uma imagem que retrata a Palavra de Deus e seu efeito em nossa vida. Paulo escrevendo aos Efésios (5.26) afirma que Cristo purificou Sua igreja com a lavagem da água, pela palavra. Não é por acaso que esta porta estava localizada ao lado da Porta da Fonte; é como se as duas andassem juntas. O Espírito Santo é aquele que torna a Palavra de Deus viva para nós permitindo que a limpeza (Porta da Fonte) e a direção pela Palavra (Porta das Águas) tomem lugar na nossa vida.

PORTA DOS CAVALOS (vs 28) - A porta dos cavalos nos fala de “guerra”, pois como os cavalos foram usados ​​na batalha, se tornaram um símbolo da guerra. Em Apocalipse 19.11 está registrado: “E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre ele chama-se Fiel e Verdadeiro; e julga e peleja com justiça”. Podemos notar no livro de Neemias seu abnegado esforço numa luta travada contra seus opositores e isso demandou muita força moral, psicológica e espiritual. Da mesma forma cada cristão está numa batalha, quer saibamos ou não, quer queiramos ou não. Assim como o cavalo é símbolo de força, cada cristão também deve lutar com todas as suas forças espirituais contra as hostes do mal (Ef 6.12-17).

PORTA DOURADA OU ORIENTAL (vs 29) – Essa porta é singular para os judeus, pois esperam acontecer nela um evento particular - a vinda do Messias! (Ez 44.1,2). “Então me fez voltar para o caminho da porta exterior do santuário, que olha para o oriente, a qual estava fechada. E disse-me o SENHOR: Esta porta permanecerá fechada, não se abrirá; ninguém entrará por ela, porque o SENHOR, o Deus de Israel entrou por ela; por isso permanecerá fechada”. O portão leste abre e olha para o Monte das Oliveiras e sabemos que quando Jesus voltar Ele irá retornar a esse lugar: “E naquele dia estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente; e o monte das Oliveiras será fendido pelo meio, para o oriente e para o ocidente, e haverá um vale muito grande; e metade do monte se apartará para o norte, e a outra metade dele para o sul” (Zc 14.4). O Senhor Jesus entrará em Jerusalém pela porta leste. Para a nossa vida cristã ela mostra-nos a necessidade de mantermos a esperança de que ele retornará.

PORTA DA GUARDA OU MIFCADE (vs 31) – Essa é a porta da inspeção. Ela fala-nos do bema de Cristo, onde nossas vidas serão inspecionadas e recompensadas de forma apropriada. Em nossa experiência cristã, devemos viver com isso em mente. Somos chamados a viver a nossa vida com a eternidade em vista, por isso devemos cuidar mais das coisas eternas do que as temporais que vemos ao nosso redor.

SEU ESFORÇO NÃO É VÃO NO SENHOR

As referencias bíblicas às portas queimadas (1.3; 2.3, 13, 17) retratam o estado vergonhoso em que estava a cidade de Jerusalém, porém, com muito ânimo e organização Neemias juntamente com seus liderados conseguiram restaurá-las e tirar “a vergonha de Judá”. Nas nossas vidas também acontece da mesma forma. Somos servos do Senhor, reconhecemos sua Soberania e Governo, desfrutamos da sua Graça, mas, de vez em quando, por inúmeras razões que desconhecemos, somos alçados a um “estado ou posição de vergonha” e acabamos servindo de zombaria aos nossos inimigos e opositores. Contudo, temos a garantia de que assim como Deus agiu no projeto de reconstrução dos muros e portas, por intermédio de Neemias, e abriu o coração das pessoas para ajudá-lo, Ele há de abençoar sua vida, ministério, projetos e planos, estimado leitor. Apenas sê forte e corajoso!

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