quinta-feira, 15 de agosto de 2013

SOU CRISTOCENTRICO SEMPRE

Os "Males" do Calvinismo

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Por Frank B. Beck


Em anos recentes tem havido uma ênfase crescente sobre a teologia calvinista. A republicação dos comentários de João Calvino sobre as Escrituras e o livro de John Gill, The Body of Divinity; The Reign of Grace, de Abraham Booth; e os sermões de Charles Haddon Spurgeon; juntamente com livros recentes tais como: The Reformed Doctrine of Predestination, de Loraine Boettner; Calvinism, de Abraham Kuyper; The Sovereignty of God, de A. W. Pink; também o aumento da popularidade do Christian Reformed Hour com umas 200 estações de rádio reproduzindo sua programação e sua circulação mensal do Back to God Family Altar a 55.000 leitores e outras antigas publicações em contínua reimpressão: The Gospel Standard, Signs of The Times, Zion’s Witness, e Zion’s Lanmark é ampla evidência que o Calvinismo está longe de estar morto.

I. O que é Calvinismo?

O Calvinismo é um sistema de crença. É um sistema de verdade. É uma forma de ensinar a Bíblia, popularizada por João Calvino, o grande Reformador Protestante. Por conseguinte, é chamado “Calvinismo”. Calvino tomou-o de Agostinho, bem como da Escritura, e Agostinho tomou-o dos escritos de Paulo nas Escrituras e da igreja primitiva, e Paulo recebeu-o, “não de homem, mas de Deus” (Gálatas 1:11, 12).

O Calvinismo declara que o pecador está literalmente “morto em delitos e pecados” (Efésios 2:1) e, portanto, não pode fazer nada em favor da salvação de sua alma. Ele declara que o homem tem uma vontade e, portanto, não é uma máquina, mas sua vontade não é livre nas questões espirituais, para as quais está morto. Ele é mantido cativo pelo Diabo (2 Timóteo 2:26) e não busca a Deus (Romanos 3:11).

O Calvinismo crê que Cristo morreu somente pelos eleitos, ou Suas ovelhas, num sentido salvífico (João 10:15; 1 Pedro 2:24, 25). Crê que Cristo salva a quem Ele quer (João 5:21; Romanos 9:18); que a regeneração do Espírito Santo cria o verdadeiro arrependimento e o dom da fé no coração daqueles por quem Cristo morreu (2 Timóteo 2:25 e Hebreus 12:2).

O Calvinismo declara que os propósitos de Deus nunca podem ser frustrados (Isaías 46:10; Salmos 115:3). Que crença chocante! Essa é a fé querida por aqueles chamados de “calvinistas”. É um erro chamar alguém que sustenta essas visões mencionadas de “hiper-calvinistas”. Eles não são hiper-calvinistas, mas calvinistas.

II. Quais são alguns dos “males” do Calvinismo?

Primeiro, o Calvinismo humilha o homem, e esse é deveras um grande mal! Aos olhos do homem carnal ou natural, o Calvinismo tira cada palha sobre a qual o homem se apoiaria. Como o profeta Miquéias, que era odiado pelo ímpio Rei Acabe, pois nunca profetizava o bem para ele, mas sempre o mal (2Cr. 18:7). O Calvinismo lhes diz que o “a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus” (Romanos 8:7, 8); os homens são “maus” (Lucas 11:13), “por natureza filhos da ira” (Efésios 2:3). Por causa da depravação total e inabilidade do homem, o Calvinismo declara que o homem não tem liberdade de vontade. Ele pode escolher apenas o pecado. Sua vontade é controlada por sua natureza, e sua natureza é corrupta. Esse é um grande mal! O homem não gosta de ser informado que não pode fazer o que quer. Ele não gosta de ouvir a Escritura: “Não há ninguém que busque a Deus” (Romanos 3:11); ou as palavras de Cristo: “E não quereis vir a mim para terdes vida” (João 5:40); “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia”; ou quando Ele disse a Jerusalém: “Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos… e tu não quiseste” (Mateus 23:37). O homem carnal gosta de pensar que há certa bondade em todos os homens, que todos os homens estão buscando a Deus, e que eles podem se arrepender e vir a Jesus Cristo a qualquer momento que assim decidirem.

Segundo, o Calvinismo exalta a Deus. Ele não somente rebaixa o homem, sua vontade, obras e dignidade ao pó, mas apresenta Deus como DEUS! Coloca Deus sobre o trono. Ele diz, Deus pode e de fato faz tudo o que quer; Deus é absolutamente livre e independente. O Calvinismo confessa: “Mas o nosso Deus está nos céus; fez tudo o que lhe agradou” (Salmos 115:3); o Filho do homem desperta, ou vivifica, “aqueles que quer” (João 5:21); o Espírito Santo dá dons espirituais e habilidades a vários membros do corpo de Cristo, “repartindo particularmente a cada um como quer” (1 Coríntios 12:11); e “como lhe agrada” (v. 18). Ele proclama com regozijo que Deus “faz todas as coisas segundo o conselho da sua vontade” (Efésios 1:11) e que “dele… são todas as coisas” (Romanos 11:36).

Terceiro, o Calvinismo honra a morte de Cristo. Ele diz que a morte do Senhor Jesus Cristo realmente salva! Que Cristo de fato morreu no lugar do crente! Crê plenamente nas Escrituras: “Cristo morreu por nossos pecados” (1 Coríntios 15:3) e “Cristo morreu por nós” (Romanos 5:8). Visto que Ele morreu em nosso lugar e pagou a penalidade por nossos pecados, nós fomos libertos; isso porque Deus não demandará que o pagamento seja feito duas vezes; primeiro das mãos sangrentas do meu Substituo, e então das minhas. Deus não cobrará a dívida duas vezes. Se Cristo morreu por todos os homens sem exceção, então todos os homens sem exceção serão salvos. Como pode alguém perder-se e ir para o inferno por seus pecados se Cristo morreu por ele, pagou pelos seus pecados e expurgou os mesmos (João 1:29)? Mas é evidente que nem todos os homens são salvos (Mateus 7:13), pois Cristo não poderia ter sofrido pelos pecados daqueles que morrem em seu pecado (João 8:24). Cristo “tira o pecado do mundo” (João 1:29), mas não o pecado dos incrédulos. Como poderia, visto que o pecado deles “permanece”? (João 9:41). 

Cristo suportou verdadeiramente os pecados daqueles por quem morreu em seu corpo sobre a cruz, que foram sarados por suas feridas (1 Pedro 2:24 e Isaías 53), e voltaram ao Pastor e Bispo de suas almas (v. 25). Eles foram “justificados” (tempo passado) por Cristo, pois este morreu por eles (Romanos 5:9). Ele redimiu-os (Efésios 1:7). Ele lavou-os de seus pecados em Seu sangue (Apocalipse 1:5). Eles foram “reconciliados” (tempo passado) com Deus por Cristo (Romanos 5:10); e seus pecados não são imputados ou cobrados deles (2 Coríntios 5:19). Tudo isso e mais Ele fez por aqueles por quem morreu. Visto que isso não é verdade de todos os homens individualmente, Cristo não morreu por todos os homens sem exceção, mas somente pelo “mundo” dos eleitos. Isso é o que a Palavra de Deus ensina. Cristo se deu a si mesmo em “preço de redenção por todos” (1 Timóteo 2:6), mas no sentido de dar Sua vida pelas ovelhas (João 10:15). Cristo é a propiciação pelos pecados do mundo todo (1 João 2:2), porém somente no sentido de que Ele realmente morreu, não pelos pecados dos judeus eleitos apenas, a quem João ministrava (ver Gálatas 2), mas também pelos pecados de todo o mundo gentil eleito. Ele se deu “em resgate de muitos” (Marcos 10:45). Aqueles por quem Cristo morreu são todos salvos. Ele salvou-os por Sua morte no lugar deles. Ele não morreu em vão.

Quarto, o Calvinismo reconhece o poder do Espírito Santo. O pecador está “morto” espiritualmente. Ele não pode fazer nada. Não pode ouvir o evangelho, desejar, arrepender-se ou crer. Esse é outro “mal” do Calvinismo. O homem gosta de pensar que tem alguma parte em sua salvação. Mas o Calvinismo dá toda a glória ao Espírito Santo na regeneração. Ele é soberano. É o Espírito Santo que “vivifica” ou dá vida (João 6:63). O Espírito Santo dá o novo nascimento a quem quer (João 3:3-8). Se já nascemos de novo, é porque o Espírito Santo desejou e fez isso. É pelo Espírito Santo que somos convencidos do pecado (João 16:7-11); que Cristo é revelado a nós (1 Coríntios 2:9-14); que confessamos que Jesus é Senhor (1Coríntios 12:3); e temos qualquer dom espiritual com o qual servir a Deus (1 Coríntios 12:11); ou qualquer desejo de fazê-lo (Romanos 5:5 e Gálatas 5:22, 23). O Calvinismo faz-nos dependentes somente do Espírito Santo.

Quinto, o Calvinismo magnifica a graça de Deus. Sim, os calvinistas vão ao extremo sobre a graça de Deus, se isso é possível. Pense! Embora o pecador esteja morto em pecado e ódio a Deus, e mereça a ira de Deus, e a despeito do fato que Deus não nos deve nada, visto ter criado o homem reto, que grande graça essa que Deus tenha elegido alguns de nós à vida eterna e fé salvífica (Atos 13:48)! Que Ele tenha enviado Seu Filho unigênito para levar os nossos pecados em Seu próprio corpo sobre a cruz (Isaías 53:6); no devido tempo envia Seu Espírito Santo para nos vivificar; e nos perdoa plena, livremente e para sempre de todas as nossas culpas e pecados (Efésios 1:7)! Que graça!

Sexto, o Calvinismo dá segurança eterna aos crentes. Esse é um mal enorme! É chamada de uma “doutrina perigosa” por muitos. Todavia, existem tantas passagens da Escritura ensinando a veracidade dessa doutrina, que eu quase não sei por onde começar. Uma pessoa não precisa passar do oitavo capítulo de Romanos. Esse capítulo começa com “nenhuma condenação” para aqueles que estão em Cristo (versículo 1); continua com nenhuma acusação contra aqueles em Cristo (versículos 31-34); e conclui com nenhuma separação para aqueles que estão em Cristo (versículos 35-39). No versículo 28, Deus chama os eleitos “segundo o Seu propósito”. Nos versículos seguintes é dito que Deus os conhece de antemão, predestina, chama, justifica e glorifica-os – todos eles, e SOMENTE eles. Leia Romanos 8:28-31 e observe as palavras “daqueles” e “aos que”! Quão inclusivo e exclusivo é isso. Cada um deles Deus glorificará com certeza. Veja também João 6:39 e João 10:26-30.

Sétimo, o Calvinismo dá o entusiasmo correto à pregação do evangelho. Se eu sei que Deus tem um povo que Ele chamará (2 Timóteo 2:10), e que há certo número de pessoas a quem Deus o Pai deu ao Filho, e que todos eles virão a Ele (João 6:37), e que as ovelhas, por quem Cristo dá a Sua vida, ouvirão Sua voz e O seguirão (João 10:26-27), e que a Palavra de Deus não voltará vazia, mas cumprirá o que lhe agrada e prosperará naquilo para o qual Ele a enviou (Isaías 55:11); isso deveria me fazer perguntar: “Bem, por que pregar então? Por que não enviar outros?”? Não! Há toda razão para a pregação. Seria tão tolo quanto perguntar: “Por que pescar então?”, visto que eu sei que o lago está cheio de peixe; ou, “Por que trabalhar então?”, visto ter certeza que conseguirei dinheiro suficiente para sustentar eu e a minha família. Tal fato não foi um obstáculo à pregação do apóstolo Paulo, quando ele considerou trabalhar em Corinto. O Senhor lhe apareceu numa visão e disse: “Não temas, mas fala, e não te cales… pois tenho muito povo nesta cidade” (Atos 18:10). Isso foi após o Redentor ressurreto dizer: “É me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém” (Mateus 28:18-20).


Fonte Original: The Evils of Calvinism, Frank B. Beck, Predestinarian Press
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto - Traduzido em junho/2008
Fonte: Monergismo

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

FAMÍLIA I





AS QUATRO ESTAÇÕES DO CASAMENTO
 
Saiba como lidar com cada uma delas
     Todos sabemos quais são as quatro estações do ano: Primavera, verão, outono e inverno.
     A primavera é a estação das flores, o verão é a época do calor, o outono é a época das frutas e finalmente o inverno é a época do frio.
     A Palavra do Senhor nos diz: "Tudo tem seu tempo determinado e há tempo para tudo debaixo do céu." (Ec 3.1).
     Vejamos então como se apresentam as estações.
     A Primavera
     A característica mais marcante da estação é o reflorescimento da flora e da fauna. Muitos animais aproveitam a temperatura ideal da estação para se reproduzir.
     Na Primavera matrimonial se reconhecerá essa estação quando chegar também o tempo de se reproduzir. "Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra" disse o Senhor (Gn 1.28).
     Na primavera os dias ficam mais longos. Certamente isso poderá ser bem aproveitado: No livro dos Salmos 30:5 lemos : "...O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã".
     Para os casais é sempre bom lembrar que depois do inverno a primavera há de chegar. Cantares de Salomão 2.11: "Porque eis que passou o inverno, cessou a chuva e se foi; aparecem as flores na terra, chegou o tempo de cantarem as aves, e a voz da rola ouve-se em nossa terra. A figueira começou a dar seus figos, e as vides em flor exalam o seu aroma; levanta-te, querida minha, formosa minha, e vem".
     O Verão
     Suas principais características são dias longos e quentes (temperatura elevada), mas também possui dias geralmente chuvosos. Por possuir dias quentes, a tendência é acontecer evaporação da águas e com isso acontecer a precipitação, ou seja, a formação das nuvens de chuva.
     No casamento o verão é muito importante. No amor é preciso calor e muita intensidade, mas é preciso ter cuidado com a precipitação, não podemos permitir que ela nos apanhe desprevenidos. Geralmente no casamento quem se precipita, tem sempre algo do que se arrepender.
     O Outono
     O outono é a estação que marca a transição entre o verão e o inverno. O outono é conhecido como a estação das frutas. Por ser uma fase de transição entre o verão e o inverno, o outono apresenta características de ambas as estações: redução de chuvas, mudanças bruscas no tempo, nevoeiros em algumas regiões.
     Entre outras características do outono, podemos citar o fato dos dias e das noites terem a mesma duração. Devemos ter muito cuidado quando no casamento chegarmos à estação do outono para que não mergulhemos na "mesmice" e corramos o risco da monotonia.
     No outono matrimonial será tempo de frutificar. Ezequiel 47:12 afirma: "Junto ao rio, às ribanceiras, de um e de outro lado, nascerá toda sorte de árvore que dá fruto para se comer; não murchará a sua folha, nem faltará o seu fruto; nos seus meses, produzirá novos frutos, porque as suas águas saem do santuário; o seu fruto servirá de alimento, e a sua folha, de remédio".
     O Inverno
     Inverno é a mais fria estação do ano. O inverno é caracterizado, principalmente, pelas baixas temperaturas. Durante a estação, várias espécies de animais, principalmente de pássaros, migram para outras regiões mais quentes.
     Se no matrimônio o casal não está atento à chegada do inverno matrimonial, as coisas podem se complicar. Pois no inverno, quando o relacionamento é frio, e tudo parece cinza ao redor, é quando um dos cônjuges acaba por escolher "migrar" para outras regiões. Vai à procura daquilo que sente falta na relação matrimonial.
     Outros animais, como ursos, hibernam no inverno, reduzindo grandemente sua atividade metabólica. Em muitas regiões, pode ocorrer a incidência de neve e geadas.
Geralmente no período do inverno matrimonial somos tomados por um instinto de "hibernar". É aquela estação de nossas vidas onde não desejamos realizações, falta-nos motivação suficiente para caminhar.
     Quando o inverno matrimonial chegar será preciso estar muito atento. Provérbios 20:4 diz: "O preguiçoso não lavra por causa do inverno, pelo que, na sega, procura e nada encontra".
     O inverno matrimonial é um tempo que requer do casal o andar juntinho. Em Eclesiastes 4:9,11 está escrito: "Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho. Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só como se aquentará?"
     Essa é uma boa orientação para enfrentar o inverno matrimonial.
     Antonio Vivaldi (1678- 1741), padre veneziano contemporâneo de Bach, que nos legou belas composições, descreveu as melodias das estações no concerto "As Quatro Estações".
     "As Quatro Estações", a peça mais famosa de sua obra, faz parte de 12 concertos denominados O diálogo Entre a Harmonia e a Criatividade. "Nessa série, se acentua a tendência ao sentido pitoresco que resulta na tentativa de se expressar, musicalmente, fenômenos da natureza ou sentimentos, como a primavera, o verão, o outono e o inverno.
     O que dizer das quatro estações de Vivaldi? Fantástico. Apliquemos contudo o título de sua obra ao casamento.
     Primeiro o Diálogo - Sabemos que diálogo é uma conversação estabelecida entre duas ou mais pessoas. O Outono (estação do ano) é o exato diálogo do Verão com o Inverno. Com isso reconhecemos aqui a importância do diálogo também nas estações do matrimônio.
     Deus propôs para o casamento o diálogo: "Não é bom que o homem esteja só" (Gn 2.18). Se Deus desejasse que a vida fosse um MONÓLOGO, Deus permitiria ao homem viver sozinho.
     O diálogo entre o Marido e a Mulher, ou a falta dele, afetarão diretamente o diálogo e o relacionamento do casal com Deus. Vejamos: "Igualmente vós, maridos, coabitai com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os seus co-herdeiros da graça da vida; para que não sejam impedidas as vossas orações" (1Pedro 3.7).
     Em segundo lugar a Harmonia - Em se tratando de música, e disso entendia Vivaldi, a harmonia é o campo que estuda as relações. Para que a música seja harmônica você deve obedecer a uma série de normas.
     No casamento não é diferente, é preciso um cuidado profundo nas relações, para não prejudicar a harmonia.
     Na música a função principal do sistema tonal é a tônica. A questão toda se resume na tônica ou seja, na aproximação (dominante) e afastamento (subdominante).
     No casamento precisamos, para uma boa construção harmônica, considerar a "dominante".
     Efésios 5.22 - Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor;
     Efésios 5.25 - Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela.
     Analisado essa regra harmônica, e respeitada a "tônica" que nos foi colocada, não há como desafinar na relação marido e mulher.
     Por último a Criatividade - Um dos principais 'combustíveis' para a criatividade é a imaginação. Pessoas criativas estão sempre dispostas a enxergar novas possibilidades e buscar novas relações entre as coisas.
     A criatividade se apresenta através de duas linhas de raciocínio: o divergente e o convergente.

O DEUS DO IMPOSSIVEL



CINCO COISAS QUE DEUS NUNCA VIU

Texto base: Dt 11: 11
Dt 11: 11  mas a terra que passais a possuir é terra de montes e de vales; da chuva dos céus beberá as águas;
12  terra de que cuida o SENHOR, vosso Deus; os olhos do SENHOR, vosso Deus, estão sobre ela continuamente, desde o princípio até ao fim do ano.
  Vamos aprender cinco coisas que Deus nunca viu:
1 – Deus nunca viu uma semente plantada que não desse fruto.
Gálatas 6:7  Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará.
2co 9: 5  Portanto, julguei conveniente recomendar aos irmãos que me precedessem entre vós e preparassem de antemão a vossa dádiva já anunciada, para que esteja pronta como expressão de generosidade e não de avareza.
6 E isto afirmo: aquele que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia com fartura com abundância também ceifará.
7  Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria.

2 – Deus nunca viu uma situação que Ele não possa reverter.
Jó 42:10  Mudou o SENHOR a sorte de Jó, quando este orava pelos seus amigos; e o SENHOR deu-lhe o dobro de tudo o que antes possuíra.
Filipenses 4:13  tudo posso naquele que me fortalece.
3 – Deus nunca viu uma enfermidade que Ele não possa curar.
1 Pedro 2:24  carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados.
Êxodo 15:26  e disse: Se ouvires atento a voz do SENHOR, teu Deus, e fizeres o que é reto diante dos seus olhos, e deres ouvido aos seus mandamentos, e guardares todos os seus estatutos, nenhuma enfermidade virá sobre ti, das que enviei sobre os egípcios; pois eu sou o SENHOR, que te sara.

4 – Deus nunca viu um justo mendigar um pão.
Salmos 37:25  Fui moço e já, agora, sou velho, porém jamais vi o justo desamparado, nem a sua descendência a mendigar o pão.
Ml 3: 10  Trazei todos os dízimos à casa do Tesouro, para que haja mantimento na minha casa; e provai-me nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós bênção sem medida.
5 – Deus nunca viu alguém que ele não possa salvar.
Lc 18: 26  E os que ouviram disseram: Sendo assim, quem pode ser salvo?
27  Mas ele respondeu: Os impossíveis dos homens são possíveis para Deus.
João 10:9  Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem.

http://creio.com.br/2008/esboco.asp?pagina=2

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

MISSÃO



Missões: a prioridade de Deus

 Lucas relata que Jesus, depois de ressuscitar, reuniu seus discípulos e falou-lhes duas coisas. A primeira foi que o Antigo Testamento ensinava claramente que o Messias tinha de morrer e ressuscitar. Em seguida, acrescentou que o evangelho seria pregado a todas as nações.
O ensino que Jesus transmitiu aos discípulos após a ressurreição deve ter sido uma novidade para eles, mas estava claramente expresso no texto sagrado. Veja como Jesus falou: “Está escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia e que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações, começando de Jerusalém” (Lc 24.46,47).
A ordem de fazer missões é muito clara no Novo Testamento, porém Jesus buscou no Antigo Testamento a base para essa declaração. Se lermos a Bíblia toda sem observar sua ênfase sobre missões, provavelmente a estamos lendo superfi cialmente, como eu lia o Antigo Testamento, sem notar a centralidade do plano de Deus para as nações. Agora penso de modo diferente. Foi uma mudança de paradigma para mim!
Leiamos alguns textos que Jesus poderia ter usado para comprovar que a tarefa de levar o evangelho a todas as criaturas, nações, línguas e povos não era uma novidade do primeiro século. Ela começou no coração de Deus e foi anunciada inicialmente no Antigo Testamento.
A finalidade da criação
O Antigo Testamento começa com a criação de tudo que existe. No centro de seu plano, Deus criou o homem — e todos nós — à sua imagem, por várias razões. O próprio Universo não existiu eternamente. Deus o criou com um propósito. O Universo teve início num momento da História — “no princípio” — e terminará no fi m da História, após a segunda vinda de Cristo. Por que Deus decidiu fazer tudo que fez? Os cientistas ateus pesquisam a criação. Descobrem os segredos da natureza e como funcionam os processos e leis naturais, mas lamentam não saber a razão por que existe qualquer coisa, porém nós, cristãos, sabemos os motivos de o Universo e o homem existirem. Citaremos apenas cinco deles.
Primeiro motivo da criação
O primeiro motivo da criação foi o desejo de Deus de ter pessoas com quem pudesse desfrutar comunhão. Deus é social. Ele ama pessoas como nós — gente. Gente que conversa com ele. Ele queria alguém com quem pudesse conversar e de quem recebesse adoração. Por isso, criou-nos à sua imagem, para ter um relacionamento amoroso conosco. Isso se encaixa estreitamente na tarefa missionária. O propósito das missões tem seu fundamento nesse desejo de Deus. Cada pessoa que se converte hoje terá comunhão com ele eternamente.
Segundo motivo da Criação
Deus é um Deus feliz. Deduzimos isso de uma frase de 1Timóteo 1.11, “o evangelho da glória do Deus bendito”. A palavra “bendito” (makârios, no grego) quer dizer “feliz” (compare com as bem-aventuranças). Ele queria compartilhar sua felicidade com o ser humano. As pessoas mais felizes da terra devem ser os missionários. Com certeza, divulgar as boas novas, obedecer à última ordem de Cristo, levar pessoas a conhecê-lo e, por conseguinte, poder entrar no gozo do Senhor é um trabalho glorioso e tem relação direta com o motivo de Deus ter criado a humanidade.
Terceiro motivo da criação
Deus nos criou para mostrar seu amor. Ele já amava o Filho, e o Filho amava o Pai, mas queriam um povo para demonstrar seu amor. Ele multiplicou a população da terra para revelar seu infinito amor. Ele derramou seu amor em nosso coração para que possamos também amar aqueles que Deus ama. Se você não é  missionário, no sentido mais lato da palavra, talvez o amor de Deus tenha sido sufocado em sua vida. Não entrou na sua veia nem nas suas artérias, por isso não circula em seu coração o desejo de alcançar os perdidos. Deus criou homens e mulheres para compartilhar sua felicidade e demonstrar seu amor. Devemos responder e corresponder ao seu amor com
grata obediência.
Quarto moti vo da criação
Deus criou o mundo para ser glorificado por meio dele. Ele criou o ser humano à sua imagem para que este pudesse glorifi cá-lo por causa de sua graça. Efésios 1.6 é uma passagem fundamental das Escrituras porque explica o motivo pelo qual Deus nos criou. Considere seriamente que, tanto a eleição antes da fundação do mundo quanto a predestinação para sermos filhos adotivos, aconteceu, segundo esse texto, “para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado”. Não é possível negar, à luz dessa passagem, que o propósito original no plano da criação foi que pessoas inteligentes e dotadas de emoção louvassem a graça gloriosa de Deus. Esse é o principal motivo das missões. Paulo escreveu aos coríntios:
“Todas as coisas [os sofrimentos] existem por amor de vós, para que a graça, multiplicando-se, torne abundantes as ações de graças por meio de muitos, para glória de Deus” (2Co 4.15).
Quinto motivo da criação
Deus criou o homem para compartilhar com ele sua santidade. “Sereis santos, porque eu sou santo” (Lv 11.44). Ele não admitirá pecadores rebeldes no lar celestial. Por isso, nos manda aumentar a santidade no mundo e multiplicar o número de “santos” na terra. Um dos títulos do povo de Deus é “nação santa” (Êx 19.6), confi rmando que, se Deus tem filhos na terra inseridos em sua Igreja, eles serão marcados pela santidade do “Pai” celestial.
O coração missionário de Deus revelado no Antigo Testamento
Examinemos alguns textos-chave da Bíblia para buscar as bases para missões e o propósito divino para a humanidade.
Gênesis 12.1-3
Esta passagem central no Antigo Testamento apresenta a chamada de Abraão, nosso pai na fé e tem  importantes implicações para a obra missionária:
Disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as
famílias da terra.
Nesta passagem, que Jesus deve ter mencionado aos seus discípulos, temos uma dupla ordem: “Sai da tua terra” e “Sê tu uma bênção”. Abraão deveria sair para ser uma bênção e ser abençoado. Nele o mundo inteiro — todos os lugares, tribos, povos e nações — seriam abençoados. Cremos na Palavra de Deus e que essa promessa, ainda não concretizada inteiramente, irá se cumprir.
Existe algo mais interessante nesse texto. Qualquer contador, ou pessoa que trabalha com números, sabe que a soma de todas aquelas fileiras de cifras depende dos números que estão em cima. Ele sabe que se houver um erro em alguma dessas cifras, haverá um resultado errado na última linha. Esse princípio da matemática pode ilustrar e explicar por que o compromisso das igrejas com as missões é tão fraco.
O Brasil evangélico, até agora, enviou um número quase inexpressivo de missionários. Há menos de um missionário para cada 10 mil crentes. Estou convencido de que essa desproporção tem uma explicação razoável. Vejamos como se aplica à tarefa missionária. Como já vimos, se escrevemos números errados nas linhas de cima, a soma estará errada.
A passagem de Gênesis contém a promessa de que Deus há de abençoar a Abraão. Todos querem as bênçãos de Deus. Corresponde à linha de cima o “abençoarei”, mas se entendemos mal a linha de cima, a linha de baixo — “Sê tu uma bênção” para todas as nações (famílias) da terra — sairá errada. A bênção da promessa está diretamente ligada à obediência à ordem de ser uma bênção. Não dá certo buscar a bênção sem querer ser uma bênção.
Todas as nações receberão as bênçãos prometidas a Abraão. A Palavra de Deus não pode falhar, mas primeiro é essencial que Abraão e seus descendentes pela fé sejam uma bênção. É inútil reivindicar bênçãos se não estamos abençoando os perdidos com a oferta do evangelho.
Receber benefícios da parte de Deus corresponde à linha de cima. Transmitir esses benefícios para os que não têm acesso à bênção abraâmica está diretamente vinculado às bênçãos recebidas. A bênção da salvação, a linha de cima, implica a responsabilidade de ser uma bênção, de compartilhar essa salvação com os que não têm acesso ao evangelho.
Gênesis 50.15-21
A história de José, em Gênesis 50, revela o mesmo princípio. Seus irmãos estavam preocupados com o fato de que José, agora exaltado com plenos poderes no Egito, retribuísse o mal que sofreu.
Vendo os irmãos de José que seu pai já era morto, disseram: É o caso de José nos perseguir e nos retribuir certamente o mal todo que lhe fi zemos. Portanto, mandaram dizer a José: Teu pai ordenou, antes da sua morte, dizendo: Assim direis a José: Perdoa, pois, a transgressão de teus irmãos e o seu pecado, porque te fizeram mal; agora, pois, te rogamos que perdoes a transgressão dos servos do Deus de teu pai. José chorou enquanto lhe falavam. Depois, vieram também seus irmãos, prostraram-se diante dele e disseram: Eis-nos aqui por teus servos. Respondeu-lhes José: Não temais; acaso, estou eu em lugar de Deus? Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem, para fazer, como vedes agora, que se conserve muita gente em vida.Não temais, pois; eu vos sustentarei a vós outros e a vossos fi lhos. Assim, os consolou e lhes falou ao coraç;ão.
Está bem claro no texto que a bênção na vida de José, depois de muitas maldições, não deveria ser limitada a ele próprio. A grande bênção que recebeu (a linha de cima) teria de implicar a bênção de sua família e muitos milhares
de vidas salvas. A revelação que José recebeu sobre os anos de prosperidade e sobre a fome no Egito mostrou que Deus tinha um propósito central para sua vida. Deus o abençoou para que ele pudesse abençoar outras pessoas. A linha de cima — os benefícios recebidos — implica a linha de baixo — a concessão de benefícios aos que não os possuem.
Deus nos revelou algo muito mais precioso, uma revelação mais importante que a recebida por José. A questão é: por que Deus tem abençoado a sua vida? A razão bíblica é a preservação de vidas para a eternidade na gloriosa presença de Deus. Se nos interessamos apenas em receber a bênção da salvação, sem passá-la adiante, estamos contrariando o propósito de Deus. Desprezamos a prioridade divina.
Deuteronômio 4.5-8
Aqui Moisés mostra também as duas linhas, as bênçãos decorrentes de ser o povo escolhido e a responsabilidade de abençoar as nações:
Eis que vos tenho ensinado estatutos e juízos, como me mandou o Senhor, meu Deus, para que assim façais no meio da terra que passais a possuir. Guardai-os, pois, e cumpri-os, porque isto será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos que, ouvindo todos estes estatutos, dirão: Certamente, este grande povo é gente sábia e inteligente. Pois que grande nação há que tenha deuses tão chegados a si como o Senhor, nosso Deus, todas as vezes que o invocamos? E que grande nação há que tenha estatutos e juízos tão justos como toda esta lei que eu hoje vos proponho?
Imagine se o Brasil estivesse na posição de Israel prevista nesse momento histórico. Se as leis escritas e assinadas pelo presidente fossem leis criadas na mente de Deus e passadas diretamente aos deputados em Brasília, como o país estaria bem! Imagine se o Brasil, como o Israel antigo, em vez de pensar em problemas e dívidas internacionais, pudesse dobrar os joelhos e usufruir a bênção notável de empregos para todos, de estarem os meninos de rua recebendo o devido cuidado. Imagine a bênção de saber que os órfãos estão sendo nutridos com as verdades de Deus. Imagine um Brasil que não precisasse cuidar de suas fronteiras nem combater o tráfico de drogas. Pense em ter Deus tão próximo a proteger a nação: não seria preciso gastar dinheiro com o Exército e nem com policiais.
Leis falhas e interesseiras, feitas por homens, seriam substituídas por leis divinas e perfeitas. Beneficiado por essas leis e pela proteção divina nas crises, em resposta às orações do povo de Deus, o Brasil seria um país invejável. Foram essas bênçãos, segundo o texto de Deuteronômio, que Deus ofereceu a Israel.
Qual seria o efeito dessas bênçãos (a linha de cima) sobre os países vizinhos? O próprio texto responde. Seria um forte efeito missionário com seus benefícios. As nações vizinhas buscariam ao Senhor e seguiriam suas leis (a linha de baixo). Aprenderiam a viver bem imitando o Brasil e obedecendo às leis criadas no céu. Buscariam ao Deus único e ao seu Reino para obter as bênçãos desfrutadas pelo Brasil.
Vejo um país que tem grande interesse em ser um país evangélico. Existem até previsões de que em poucos anos o Brasil será do Senhor, mesmo antes de sua vinda. Não sei se podemos realmente esperar uma bênção tão grandiosa, mas se acontecer não será surpresa se os países vizinhos vierem buscar a mesma bênção (a linha de baixo).
Houve uma época em que um país foi extraordinariamente abençoado. Esse país foi fundado no século XVII. Os fundadores fugiram da Inglaterra para estabelecer uma nação em que Deus seria honrado e haveria liberdade de consciência. As bênçãos de Deus caíram sobre os Estados Unidos. Houve um tempo em que as crianças podiam sair de casa sem perigo. Não havia meninos de rua. As chaves ficavam dentro do carro, sem que fosse preciso trancar as portas.
As casas fi cavam abertas sem muros ou sistemas de alarme. Não se pensava em violência nem se falava em drogas. Homicídio era uma raridade. Hoje não é mais assim. Esse país mudou, depois que abandonou a maioria dos princípios que garantem a bênção. A preocupação com a evangelização de todos os povos diminuiu.
Quando Jimmy Carter estava na presidência, um amigo foi convidado para falar num congresso de missões nos Estados Unidos da América. Cerca de 4 mil pessoas esperavam atentas a palavra do pastor Greg Livingstone (hoje diretor de uma missão no norte da África).
Concederam-lhe um minuto para falar. Ele foi à frente e fez a seguinte pergunta: “Quantos de vocês estão orando pela libertação dos 52 americanos sequestrados no Irã?”. Os mais velhos lembram-se da grande preocupação causada pelo sequestro daqueles americanos. Quase todas as mãos se levantaram no auditório, indicando a preocupação generalizada. Em seguida, fez outra pergunta: “Quantos estão orando pela libertação de 52 milhões de iranianos das algemas de Satanás?”. Os braços foram abaixando até não restar mais que um ou dois em toda aquela multidão. Meu amigo sentou-se, sem utilizar todo o seu minuto, dizendo: “Percebo que vocês são mais americanos que cristãos!”. Ficou claro que ele falava das duas linhas.
Aqueles milhares de pessoas preocupavam-se apenas com a linha de cima. Sabiam de quem e em que nome podiam pedir a libertação dos sequestrados, mas não tiveram a preocupação de pedir a libertação de 52 milhões de seres humanos algemados espiritualmente.
Quero deixar assentado, primeiramente em meu coração, depois no do leitor, que a linha de baixo depende de entendermos a razão pela qual Deus abençoa nossa vida. Se não recebi bênção alguma, tudo bem. Se não ganhei nada de Deus, ele não cobrará nada de mim. No entanto, se Deus tem nos abençoado de alguma maneira especial e se ele nos tem dado conhecimento da verdade de sua Palavra, com o resultado de que podemos viver e morrer felizes, temos de levar a sério a linha de baixo.
Salmo 67.1,2
Mais um texto confirma a tese desta mensagem. O salmo 67 mostra as duas linhas de maneira notável. Quantos se esqueceram de orar hoje? Quantos têm coragem de admitir isso? Provavelmente, a maioria orou. E quem não pediu qualquer bênção? Sabemos que é raríssimo orar sem pedir pelo menos uma bênção.
Animou-me bastante notar que em Salmos 67.1,2, Deus não condena a prática de pedir bênçãos. Esse salmo fala de bênçãos, mas não exatamente de prosperidade:
Seja Deus gracioso para conosco, e nos abençoe, e faça resplandecer sobre nós o rosto; para que se conheça na terra o teu caminho e, em todas as nações, a tua salvação.
Meditando, perguntei para mim mesmo o que teria acontecido se a nação israelita, receptora original dessas palavras inspiradas, tivesse dado prioridade a esse texto. Como seria diferente a história da humanidade se Israel tivesse dado valor à linha de baixo e estabelecido como o mais importante alvo de sua existência abençoar a todos os árabes! O mundo tem mais de um bilhão de muçulmanos. Israel é apenas uma pequena ilha num oceano inimigo de muçulmanos.
 Se, em vez de se preocupar com a própria segurança, Israel tivesse pedido a bênção de Deus para os muçulmanos, a fim de que conhecessem os caminhos do Senhor, como seria diferente a história atual! Provavelmente, milhares de pessoas estariam vivas, e famílias inteiras, ainda unidas. As torres gêmeas não teriam caído em Nova York, soterrando quase 3 mil pessoas.
Quase todos os dias morrem vítimas do ódio em Israel. Parece que Israel formou sua nação para buscar a própria segurança, em vez de abençoar os povos vizinhos. Não é meu propósito lançar críticas contra ninguém, mas esse salmo não deixa dúvidas quanto ao propósito de Deus. Paremos um instante para refl etir. Qual é minha preocupação maior na vida? A resposta de todos nós é a mesma. Ser abençoado por Deus. Quero que ele abençoe minha família, os filhos, os netos, a esposa, o trabalho, a situação financeira. É isso o que mais importa. E Deus não despreza tais petições, porém não estaremos glorificando a Deus se dermos prioridade à linha de cima e ignorarmos a linha de baixo.
Jesus, pouco antes de sua exaltação, declarou aos discípulos que a bênção de os povos gentios conhecerem os caminhos do Senhor deve ser o foco de seu ministério. Em Jerusalém, na Judeia, em Samaria e até os confins da terra, eles seriam testemunhas da graça de Deus que salva. Quero encerrar afirmando algo sobre nossa nação. Os irmãos sabem que a teologia predominante no Brasil é a chamada “teologia da prosperidade”. É quase certo que o pregador que conseguir convencer brasileiros — evangélicos, católicos, espíritas e mesmo pessoas sem religião — de que possui poder para liberar bênçãos como saúde, emprego, salário maior e paz na família será “bem-sucedido”. Quem promete  abençoar o povo material e socialmente está fadado ao “sucesso”. Contudo, quero enfatizar que é uma distorção do evangelho, pois não há interesse prioritário na linha de baixo. As promessas da antiga aliança, que abençoaram Israel materialmente, tinham o propósito de persuadir os povos a adorar e obedecer a Deus na totalidade de sua existência.
Quais são as promessas da nova aliança? Cristo voltará quando todas as nações tiverem ouvido que Cristo é o único caminho para Deus. Ele é o único Salvador. O descaso para com a obrigação missionária, em razão do interesse voltado para esta vida, demonstra pouco compromisso com a vida vindoura. Não se fala muito sobre o investimento no
destino final.
A busca pelo poder do Espírito como forma de obter alívio, conforto e bem-estar, em vez de testemunho e proclamação, está em desacordo com o propósito central de Deus. A teologia da prosperidade destaca o ter, e não o ser. A lei da nova aliança deve ser interna. “Esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo” ( Jr 31.33). Não é a vontade de Deus que busquemos os benefícios do Reino de Deus sem dar prioridade ao próprio Reino. Os benefícios ilimitados de Deus virão no Milênio, mas poucos querem esperar um futuro distante e pouco almejado.
O resultado dessa distorção pode ser percebido no desinteresse em conhecer a Palavra de Deus. Há também quase nenhum interesse pela exegese, pela hermenêutica, pelo discipulado e pelo estudo da Palavra. Busca-se a experiência, e não o Senhor das experiências. Parece uma diferença sutil, mas é importante. O Espírito Santo é apresentado mais como fonte de poder que como pessoa divina que glorifica ao Senhor Jesus ( Jo 14.13). A ênfase exagerada sobre o indivíduo desvia nossa atenção da comunhão e da responsabilidade mútua da igreja (1Pe 2.9,10).
Não é certo omitir a ênfase sobre a obrigação e destacar apenas a motivação do amor que produz a alegria no Senhor (1Co 13.1,4,5).
É muito comum omitir-se a proclamação da teologia bíblica acerca do sofrimento. Nesse caso, onde se encaixaria a cruz de Cristo ou as condições do discipulado? “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz [diariamente] e siga-me” são palavras pouco ouvidas, mas foram pronunciadas por Jesus. Buscar os dons e manifestações do poder de Deus em benefício próprio, e não em benefício do Corpo de Cristo é mais um desvio do propósito bíblico revelado na Palavra. Todas essas aberrações e distorções, até o ponto em que caracterizem a igreja brasileira, mostram preocupação com a linha de cima, e não com a de baixo. Para o Brasil se tornar um verdadeiro celeiro de missões, é necessário que haja uma mudança de paradigma. Como Israel, no período do Antigo Testamento, teve a oportunidade de influenciar o mundo ao seu redor em prol do Deus único, cumprindo suas leis e demonstrando um amor profundo pelo Senhor, temos o desafio de realinhar nossas prioridades. Se genuinamente nos preocuparmos com a linha de baixo, isto é, que o evangelho seja proclamado e vivido entre todos os povos, a bênção gloriosa cairá sobre nós. Paulo assim se refere a esse futuro: “Para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós. A ardente expectativa da criação aguarda a  revelação dos filhos de Deus [...] para a liberdade da glória dos filhos de Deus” (Rm 8.18,19,21).